E há os outros que avançam penosamente, e chiando como carros que transportam pedras por uma encosta a baixo: esses falam muito de dignidade e de virtude, o seu travão chamam eles virtudes!
E os outros há que são vulgares relógios, a que se deu corda: fazem um tiquetaque e querem que se chame virtude… ao tiquetaque.
Em verdade, com esses divirto-me eu: sempre que encontro relógios desses, dar-lhes-ei corda com o meu escárnio: e, ainda por cima, eles hão-de ronronar para mim!
E os outros estão orgulhosos do seu punhado de justiça e, por causa dela, cometem delitos contra todas as coisas, de modo que o mundo se afoga na sua injustiça
Ah! como a palavra” Virtude” fica mal na sua boca! E quando dizem: “ Eu sou justo”, pois soa sempre como se dissessem: “Eu sou vingador!”
Com a sua virtude, querem eles arrancar os olhos aos seus inimigos, e só se enaltecem para rebaixar os outros.
E ainda há os que estão metidos no seu pântano e que, do meio do canavial, falam assim: “Virtude…é estar quieto, metido dentro do pântano. Não mordemos em ninguém e afastamo-nos de quem queira morder, e, em todas as coisas, temos a opinião que nos dão.”
O que dizer a esses mentirosos e tolos…
Que sabeis vós da virtude? Que podeis vós saber de virtude?