Estou a escrever estas palavras e a pensar num filme que acabei de ver onde um velho frágil que se dirige a um barco que está preste a partir.
O tempo é escasso, mas a marcha é vagarosa e a cada passo os tornozelos claudicam, o cabelo é branco; o casaco está gasto.
Chove sem parar e o vento obriga-o a dobrar-se ligeiramente, como um arbusto solitário em campo aberto.
Finalmente chega ao barco. Sobe com dificuldade o degrau alto que dá acesso à prancha de embarque e inicia a descida para o convés, receoso de ganhar demasiada velocidade na rampa. Olhando com rapidez para a esquerda e para a direita, enquanto o seu corpo inteiro parece perguntar:
Estou no sítio certo?
E agora para onde vou?
Nessa altura os dois marinheiros que se encontravam no convés ajudam-no a firmar o último passo, conduzem-no para a cabine com gestos amigáveis e ele está, finalmente, em segurança.
A minha preocupação acaba. O barco parte. Eu sei que é um filme, estudado e com tudo planeado.
Deixo agora que a minha mente vagueie. ...
Pensei o impensável e considero que, sem consciência, o "meu homem" não podia ter conhecido o seu desconforto e a humilhação.
Sem consciência, os dois no convés não teriam reagido com a mesma simpatia. Sem consciência, eu, não me teria preocupado e nunca teria pensado que um dia poderei estar nas mesmas circunstâncias, caminhando com a mesma dolorosa hesitação e o mesmo desconforto.
A consciência amplifica o impacto destes sentimentos em todos os "personagens," desta história, ou seja : No velho nos marinheiros e em mim . A consciência é , com efeito ,a chave para uma vida examinada, para o melhor e para o pior.
É a certidão que nos permite tudo conhecer sobre a fome, a sede, o sexo, as lágrimas ,o riso, os murros, e os pontapés, o fluxo de imagens a que chamamos pensamentos, os sentimentos, as palavras, as historias, as crianças, a musica e a poesia ,a felicidade e o êxtase
A consciência no seu plano mais simples é básico ,permitimos reconhecer o impulso irresistível para conservar a vida e desenvolver um interesse por nós mesmos.
A consciência, no seu plano mais simples ou elaborado, ajuda-nos a desenvolver um interesse por outros e por nós mesmos e a cultivar a arte de viver.
Feliz de quem tem consciência e a utiliza..